quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O louco do ônibus


 Vestido com terno e gravata e calçado com sapato social, ninguém diria que era louco, mas era, jovem e completamente louco... Dentro do ônibus sentado inquieto num dos bancos,o fone do celular no ouvido, ele falava sozinho, ora resmungava consigo mesmo, ora colocava a cabeça pra fora da janela e xingava, sempre com palavrões e muito nervoso.

 Em um determinado momento o louco começa a repetir algo como: O-NO-ME-TAI-UM, O-NO-ME-TAI, DOIS, O-NO-ME-TAI, TRÊS, ou talvez algo parecido, não tenho idéia do que isso significa, talvez alguma palavra mágica ou uma língua qualquer dos loucos que só ele entenda.

 Sentada no banco atrás do meu, uma menina se ocupa de explicar a outra que o rapaz era mesmo louco. Que quando criança ele havia sido atropelado, ela se lembrava por que tinha uns 12 anos, e que ele havia ficado muitos meses internado  e quando saiu do hospital nunca mais foi o mesmo, havia ficado louco e desde então, andava pelo bairro gritando morro acima e morro abaixo e completou: Temos que agradecer por ele não está cantando.

  O ônibus que não possuía elevador para cadeirantes é parado por uma senhora numa cadeira de rodas.

Por uma lastima do destino, a senhora para bem embaixo da janela do jovem louco que por alguma razão lunática coloca por acaso a cabeça pra fora da janela, a senhora prontamente lhe pede para ajudá-la, neste exato momento o louco cospe. O cuspe quase atinge se é que não atinge a senhora na cadeira de rodas.

 Um grupo de trabalhadores, que passava pelo local, se mobiliza para ajudar a senhora a entrar no ônibus, a trocadora, após esperar algum momento, levanta de sua cadeira resmungando que não havia nenhum homem naquele ônibus e se levanta pra também ajudar.

 Havia além do louco, dois outros rapazes dentro do coletivo, um adolescente com cara de assustado, era mesmo um adolescente? E um hippie negro. Depois de ouvir os resmungos da trocadora, o hippie, com o celular no ouvido, sem parar de falar nele, se levanta para também ajudar.

A senhora é colocado dentro do ônibus, indignado com o comportamento do louco, (que ele não sabe que é um louco) um dos trabalhadores que ajudou a colocar senhora dentro do ônibus se ocupa em ofendê-lo, chamando-o, ironicamente, de doido. O homem revoltado repetia: Você é um doido! Isso sim que você é!  Ao que ele, colocando a cabeça para fora da janela respondia com palavrões que me recuso á transcrever.

E foi isto que aconteceu, o louco desceu num ponto e bem depois do negro hippie eu desci.

Seria  uma história engraçada, dessas que agente conta num café, se não fosse uma historia  triste... Dessas que existem nessa vida estranha,que é a vida numa cidade grande.